ATA DA III REUNIÃO ORDINÁRIA DO GRUPO DE TRABALHO DE ENGENHARIA DE REDES _________________________________________________________________ Código Documento: GT-ER/REL/004 Código Atividade: RO/SG/003 Titulo Documento: III Reunião do Ordinária do GT-ER Versão: Preliminar Autor: José Luiz Ribeiro Filho Data: 10/9/9 a 12/9/96 Local: COMDEX'96 - São Paulo Presentes: A terceira reunião ordinária do GT-ER realizada em conjunto com as reuniões dos outros grupos de trabalho do Comitê Gestor da Internet Brasil, por ocasião do Congresso Internacional da COMDEX'96 - São Paulo - contou com a presença de mais de setenta participantes. Em cada uma das dez sessões apresentadas, registrou-se uma média de cerca de trinta participantes. Pauta: Conforme programação em anexo, a pauta desta reunião consistiu basicamente em: 1. Apresentação do Grupo de Trabalho de Engenharia de Redes, seus objetivos e suas missão ao público presente 2. Apresentação dos relatórios dos subgrupos de trabalho já instalados e em atividade, incluindo os sub-gts de registro, roteamento, interconexão de redes e emergência 3. Instalação do subgrupo de trabalho de Acesso Final 4. Apresentação das tendências para a nova fase da Internet, em particular nos Estados Unidos, com a palestra "Internet Phase II" proferida pelo convidado Lee Caldwell, responsável pela estratégia Internet da IBM mundial. 5. Instalação do sub-gt de O&M e descrição do procedimento mínimo para apresentação de propostas ao Comitê Gestor da Internet Brasil, através do GT-ER 6. Discussão de temas e propostas em fase final de preparação nos sub-gts de registro, segurança e interconexão de redes. 7. Avaliação do trabalho realizado e planejamento para os próximos passos. Na abertura dos trabalhos, na manhã do dia 10 de setembro, o secretário José Luiz convidou os membros do Conselho Consultivo presentes: Alexandre Grojsgold, Danton Nunes, Luiz R. Ferreira e Wilson Ruggiero a comporem a mesa e dar início aos trabalhos. Em seguida, fez uma breve apresentação dos objetivos, missão e estrutura do GT-ER, destacando as áreas temáticas e sub-gts já em operação. A programação do encontro foi então apresentada, explicitando-se os principais objetivos das sessões técnicas que se seguiriam. A seguir são apresentados breves relatos sobre as questões discutidas em cada uma das sessões Técnicas programadas para o encontro, bem como sua avaliação e conclusões gerais. Sub-gt de Roteamento - Alexandre Grojsgold A reunião foi aberta pelo coordenador do subgrupo, Alexandre, que fez uma breve preleção quanto aos objetivos do subgrupo e propostas de assuntos a serem inicialmente discutidos, conforme o seguinte esboço: Objetivos: servir de fórum de debates em assuntos de roteamento na Internet Brasileira. * não discutir roteamento interno a cada provedor de conectividade; * não serão inventados protocolos ou novos sistemas de roteamento * serão abordadas questões que envolvam mais de um provedor de conectividade; * serão geradas e discutidas propostas concretas, que poderão se buscando sempre enfatizar aspectos peculiares ao Brasil: a. 99% da Internet global esta fora do Brasil, e a demanda e' grande e crescente; b. circuitos internacionais são caros e revelam-se sempre escassos. Todo o cuidado deve ser tomado para confinar-se o trafego nacional aos enlaces nacionais - e' muito caro rotear-se via EUA. c. A maior parte das redes brasileiras esta contida no grande bloco CIDR de endereços classe C, e cabe tomar providencias para administra-lo da melhor maneira possível. Reconhece-se que a alocação de endereços IP tem implicações também com o Registro, mas aspectos de roteamento devem ser levados em conta. Reconhece-se também que alguns assuntos a serem abordados por esse subgrupo tem superposição com o de Interconexão de Redes. Sugere-se três assuntos para começar as discussões: Multihoming * É desejável? * Quais são as motivações dos clientes? * Multihoming para clientes (um ou poucos endereços IP) versus multihoming para provedores de conectividade (muitos endereços, backbone, etc.) Critérios para qualificação como Sistema Autônomo: * Se um cliente ou provedor de conectividade registra um AS, quais os - Se um cliente ou provedor de conectividade registra um AS, quais os critérios para que os outros o reconheçam e façam peering com ele. Segurança de roteamento: Como registrar que redes pertencem a que AS, e que anúncios devem ser considerados lícitos ou não. Devemos caminhar para um routing registry da Internet BR? Após a exposição inicial, foi passada a palavra ao plenário. Em meio a varias intervenções, perguntas e respostas, foram selecionados como relevantes os seguintes tópicos: A solução técnica apontada para multihoming pleno, nos EUA, é a de se constituir como AS e participar do roteamento BGP global. As motivações dos clientes estão ligadas ao conceito de backup. Entretanto, foi lembrado que o nível de backup poderia estar bem aquém daquilo que o cliente espera, podendo mesmo ser nulo em alguns casos. Foi discutida a questão de agregação e desagregação do bloco CIDR. Sugeriu-se a criação de um sub-bloco CIDR para cada Estado - Gomide lembrou que isso já vinha sendo feito para os sub-blocos da RNP. O Coordenador perguntou quantos provedores de conectividade estavam representados no plenário - manifestaram-se RNP, Embratel, Unisys e Procergs (RS). Perguntou-se também quais deles saberia responder a pergunta quanto a procedimento corrente de aceitação de conexão de um cliente com um numero IP pertencente ao bloco de outro provedor. Respostas: Embratel disse que não, a menos de alguns classes B antigos (Petrobrás, Serpro, etc.). Unisys disse que não veria problemas nisso. RNP disse que não tinha política estabelecida. PROCERGS disse que não tem nenhum caso assim , e que usa sub-bloco do bloco da Embratel. Uma segunda pergunta, feita pelo Coordenador, foi quanto a melhor política a ser adotada para multihoming: a. O C.G. determinaria a forma técnica de faze-lo, e TODOS seriam obrigados a oferecer as facilidades técnicas para tal, ainda que isso incorresse em um certo "ônus" técnico. b. O C.G. faria recomendações a respeito, e o multihoming seria possível desde que entre provedores de conectividade que tivessem algum tipo de convênio para isso. A existência desse convênio seria um dado que o cliente deveria analisar ao pedir sua conexão. Houve consenso quanto a ser melhor a segunda opção. Sugeriu-se que, concretamente, dever-se-ia produzir, de imediato, um documento alertando os clientes quanto as possibilidades e não-possibilidades do multihoming, esclarecendo, também, a posição oficial do GT-ER a respeito. Sugeriu-se, também, que se evitasse usar o nome multihoming para denotar simples ligações a mais de um provedor - o nome ficaria reservado a solução "plena", ou seja, a que envolvesse AS registrado e BGP. A múltipla ligação receberia um outro nome, a fim de evitar-se mal entendidos. A reunião foi encerrada, lembrando-se mais uma vez a existência da lista gtrota@pop-rj.rnp.br, e a promessa de implantação breve da home-page do subgrupo. Sub-gt de Registro - Alberto Gomide A Secretaria ainda não recebeu o relatório da sessão deste sub-gt. De acordo com a pauta prevista foram discutidos dois assuntos principais: * Proposta apresentada por Gomide contendo as regras para o registro de nomes de domínio e * a possibilidade de se mudar a atual estrutura da hierarquia de nomes de domínio adotada no Brasil. O primeiro assunto tem sido tema de discussão na lista criada para este sub-gt. Como resultados das discussões chegou-se a uma proposta preliminar que foi apresentada por Gomide que promoveu um debate sobre as alternativas. Uma das possibilidades para resolver o problema relativo ao registros de nomes iguais no âmbito de um mesmo domínio (.com.br por exemplo), porém claramente caracterizados em diferentes áreas de atuação (ex: comercio de bebidas e alimentos x indústria de eletrodomésticos) seria re-estruturação da atual hierarquia de domínios sob o .br, a fim de acomodar um maior número de atividades. Como resultado do debate aberto aos participantes, ficou claro que alguns aspectos relativos ao tema precisam ser mais aprofundados, antes que a proposta atual possa ser efetivamente encaminhada ao Comitê Gestor da Internet Brasil. Constatou-se ainda que em função de falta de maiores conhecimentos relativos aos aspectos legais e jurídicos, torna-se necessário obter auxílio especializado através de consultas a advogados e juristas. Sub-gt de Segurança - Pedro Vazquez A Secretaria ainda não recebeu o relatório da sessão deste sub-gt. De acordo com a pauta prevista o principal tema discutido foi: * Proposta apresentada Pedro Vazquez, Alberto Gomide e Carlos Campana contendo justificativas e recomendações para a criação de um Centro de Atendimento a Emergências no Brasil. Após abrir a sessão, Carlos Campana fez uma breve apresentação da proposta para criação de um Centro de Atendimento a Emergências, nos moldes dos CERTs existentes no exterior, que já vem sendo discutida por meio da lista deste sub-gt. Para que a proposta possa ser efetivamente encaminhada ao Comitê Gestor, os seguintes pontos precisam ainda de definição: * O CERT Brasil seria um órgão centralizado? * Qual o perfil institucional mais adequado para sua constituição (ONG, Grupo mantido por universidades e centros de pesquisa, associação privada sem fins lucrativos, etc.)? * Qual seu âmbito de atuação (poder de polícia, recomendação, cooperação com órgãos oficiais do governo)? * E o nível de atuação (provedores de backbone, provedores de acesso e informação, usuário final)? Danton destacou que a criação de um CERT brasileiro não deve impedir a criação de CERTs menores em universidades, centros de pesquisas e empresas privadas interessadas em melhorar o atendimento a emergências resultantes de invasões, a exemplo do que já ocorre no exterior. Ao contrário de centralizar as ações mais imediatas, o CERT brasileiro deverá atuar como um centro de orientação para a criação de CERTs nas instituições mencionadas acima. Arnaldo Viegas e Danton lembraram a dificuldade de se obrigar o cumprimento de normas de segurança, uma vez que a legislação penal atual não contempla incidentes dessa natureza,. Sugeriram como alternativa a aplicação coletiva de filtros de acesso aos sites que não obedecerem as norma que vierem ser criadas por este sub-gt e aprovadas pelo Comitê Gestor. Liane Tarouco destacou que um CERT criado como uma ONG reuniria as condições para garantir a legitimidade necessária para garantir o respeito amplo às determinações do C.G. Lucas (servidor do Ministério do Trabalho) sugeriu a constituição de um comitê com a participação de representantes de outros setores do governo com o objetivo de se publicar um documento orientando sobre problemas e ações relativas a segurança em redes no país. Ficou claro durante o debate que o tema segurança, além de aspectos técnicos, possui uma forte componente relacionada com vários aspectos legais. Como os aspectos legais podem inviabilizar algumas medidas técnicas que poderiam ser recomendadas por este sub-gt, sugere-se ao Comitê Gestor a criação de um novo Grupo de Trabalho que possa tratar dos aspectos legais relacionados com as diversas questões envolvendo redes Internet no país. Sub-gt de Interconexão de Redes - Aloysio Xavier A Secretaria ainda não recebeu o relatório da sessão deste sub-gt. De acordo com a pauta prevista foi debatida a proposta para instalação e administração dos três pontos de interconexão de redes no país. Sub-gt de Acesso Final - Danton Nunes Embora com pequena participação o sub-gt de Acesso Final foi efetivamente instalado. Sua missão inclui a realização de estudos e levantamentos com vistas a elaboração de propostas que visem melhorar as condições de acesso à Internet por meio de linhas discadas. Conclusões e Recomendações: No último dia de debates foi realizado um painel onde foi feita uma avaliação dos trabalhos realizados durante o encontro. Neste painel estiveram presentes membros do Conselho Consultivo, coordenadores de áreas e sub-gts, bem como o público que participou das diversas sessões técnicas. Nos aspectos gerais constatou-se que o encontro atingiu plenamente seus objetivos na medida em que reuniu um número expressivo de profissionais interessados em contribuir para a definição de regulamentos técnicos a fim de facilitar e melhorar a qualidade dos serviços Internet no Brasil. Considerando-se que esta foi a primeira grande reunião aberta do GT-ER, tanto a participação quanto o nível das discussões demonstraram o grau de maturidade e preocupação da comunidade de redes no Brasil. Entretanto, verificou-se que mais de 80% dos participantes eram originários do setor acadêmico. Estiveram presentes também representantes dos grandes backbones nacionais (RNP, EMBRATEL, IBM e Unisys). Porém, número ainda muito reduzido de representantes de provedores de acesso e informações esteve presente. Este fato demonstra a necessidade de um trabalho de divulgação e conscientização deste setor onde é encontrado um grande número de profissionais de redes prestando serviços diretamente ao usuário final. Como resultado dos diversos debates constatou-se que duas das três propostas em discussão nos sub-gts de registro, segurança e interconexão de redes necessitam de subsídios que transcendem área de conhecimento deste Grupo de Trabalho. Ficou clara a necessidade de apoio de outros setores, principalmente aqueles relacionados com a área jurídica e legal. Deste modo, este Grupo de Trabalho sugere fortemente ao Comitê Gestor da Internet Brasil a imediata criação de um Grupo de Trabalho especializado em assuntos legais incluindo direito penal, direito civil e direito de propriedade. Sugere-se ainda a criação de mecanismos que permitam uma interação maior entre os diversos GTs de forma a propiciar um melhor aproveitamento dos diversos esforços paralelos que vêm sendo conduzidos no âmbito dos C.G. O GT-ER entende que por atuar em questões centrais para a operação e administração da Internet no Brasil, uma maior interação com os outros GTs poderá trazer grandes benefícios para os trabalhos conduzidos pelo Comitê Gestor.